sábado, 19 de dezembro de 2015

Mentira

Digo apenas
que não sei!
Pois não sei mesmo.

Ainda que soubesse,
responderia não saber.

A inveja
tem dessas coisas.

E como no meu governo,
ainda não tenho
tudo o que quero:
Minto.    


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

Edinaldo Abel/Recanto das Letras

domingo, 13 de dezembro de 2015

Bela

Bela
Quão forte és Tu
Senhorita
Fortaleza minha
Pequenina radiante
Menina dos olhos meus
Favorita
Quão sabores
Alimentas Tu o meu paladar
Quando mexe as cadeiras
Fortaleza minha
Senhorita
Quão forte és Tu
Bela.    


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

Edinaldo Abel/Recanto das Letras

sábado, 5 de dezembro de 2015

Mulata

Está tudo certo
entre nós,
agora.

Quando quiser,
é só você me pedir mulata,
que eu vou
embora.

O nosso caso
foi mais um,
foi banal.

Terminou
bem antes mesmo
do carnaval.

Que pena o nosso amor
ter sido um fracasso
total.

Não foi culpa de ninguém,
eu te respeitei e você me respeitou
também.

Vai
e seja feliz
com os seus.

Eu também
vou tentar me levantar,
e reencontrar a felicidade
junto aos meus.

Boa sorte,
adeus mulata.    


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

Edinaldo Abel/Recanto das Letras

domingo, 29 de novembro de 2015

Casamento

Vieste!
Maravilhosamente sorridente,
segura em seus passos,
dona de si.

Por mera formalidade,
recusou-se a entrar
na minha pequena,
porém, acolhedora casa de madeira,
que prego a prego,
tábua a tábua,
eu mesmo a construí
em volta do lago, só para recebê-la.

Pois bem Seu moço acredite:
Ela maquinalmente
bateu continência,
deu meia volta
e foi embora,
ainda vestida de noiva,
sem ao menos olhar para trás.

Agora me diga a verdade Seu moço!
Olhando bem no fundo dos olhos
desse infeliz e recém casado:
É ou não é,
esse um bom motivo
pra esse sertanejo
virar cangaceiro,
e correr atrás
das raparigas nos cabarés?


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

Edinaldo Abel/Recanto das Letras

domingo, 22 de novembro de 2015

Moça Bonita

Moça bonita
do sapato branco,
o meu desejo
é poder te amar.

Quando tu passas
deixa o teu encanto,
e seu perfume
fica espalhado pelo ar.

Saio todo dia
no portão as sete,
só pra te dar bom dia
e te ver passar.

O teu sorriso
é a minha alegria,
esse teu rebolado
arretado me faz delirar.

Moça bonita
aonde você for eu vou,
me leve para onde for,
é só me chamar,
pra qualquer lugar,
com você eu vou.

É só me chamar,
pra qualquer lugar,
moça bonita
com você eu vou.


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

Edinaldo Abel/Recanto das Letras

domingo, 15 de novembro de 2015

O Poeta XII


Eu achava
que era meu,
o sorriso
que você me deu.

Estranho
é que você
nunca mais apareceu.

Moça
será que você me esqueceu?
O que foi que aconteceu?

Por que não me escreveu?

E agora nesta solidão,
deste dia tão pálido,
quem sofre calado sou eu;
Sou eu;
Sou eu.

Ligue ao menos,
moça,
nem que seja pra dizer
que eu nunca fui teu.

O sorriso
que você me deu,
nunca mais
apareceu.

O que foi que aconteceu moça,
que este Poeta solitário,
perdidamente por ti enlouqueceu? 


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

Edinaldo Abel/Recanto das Letras

sábado, 10 de outubro de 2015

Literatura - Blog do Menalton - Literatura: À sombra do cipreste

Literatura - Blog do Menalton - Literatura: À sombra do cipreste: Prêmio Jabuti 2.000 - Livro do Ano    Capa da edição atual "Não tenham dúvidas os leitores: estamos diante de um notáve...



Este livro é tudo bom...

domingo, 20 de setembro de 2015

Dona

Dona
Eu aceito os seus disfarces,
mesmo que seja só por hoje,
até perdoar Eu perdôo os seus deslizes,
escondo os teus segredos,
deixo recado de que não estou,
só pra ficar com você esta noite Dona.

Tudo isso aqui meu bem,
é seu.
De bom grado,
de bom trato,
de boa fé.

É tudo seu meu bem,
mesmo Eu sabendo,
que não és,
nem nunca serás minha,
Dona
Dona
Dona.


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

Edinaldo Abel/Recanto das Letras

domingo, 16 de agosto de 2015

Jornal

A impressão que fica
é de que os jornais
gostam tanto
gostam tanto de política,
que dela tanto se fala,
mas nada de proveito
se publica.
Eu tenho sede de música,
quero engolir os livros,
o meu desejo 
é rasgar o verbo.
Eu quero ver jornal
tomar partido,
e formar opinião.
Não cheira bem o jornal,
menos ainda a política,
é a impressão que fica.


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

Edinaldo Abel/Recanto das Letras

domingo, 9 de agosto de 2015

Meu Pai

O meu Pai
é o mais menino
de todos os avôs
       [Os Netos que falem por mim
É o Pai moleque
o avô menino
a criança feliz.

O meu Pai
é a sabedoria,
é o menino Mané,
o moleque.

E nas brincadeiras,
diverte-se bem mais que os meninos.

É o meu Pai Manel,
o avô boneco,
o amigo Neco,
o menino avô.

Meu Pai,
meu amigo,
meu professor,
é assim que ele é,
é assim que eu sou.


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

Edinaldo Abel/Recanto das Letras

domingo, 2 de agosto de 2015

Nair

São Paulo
Fortaleza
Crato

Sem saber aonde ir
eu resolvi voltar,
pra namorar Nair,
pra morar por aqui,
e de você me livrar.

Eu já estava cansado
desse seu lero-lero,
desse chove e não molha,
desse seu carnaval.

Nair é que é mulher pra mim,
faz em mim cafuné,
passa um bom café,
e pra completar tem samba no pé.

Vou casar com Nair,
Nair é que é mulher pra mim.

Vou ficar por aqui,
e pra falar a verdade,
estou escrevendo
só pra deixar registrado
o dia em que de você esqueci.

Vou casar com Nair.
Boa sorte, até. 


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

Edinaldo Abel/Recanto das Letras

sábado, 30 de maio de 2015

Rainha de bateria

Vem descendo a ladeira,
vem quebrando tudo
saltitando numa nota só.

Vai da samba essa menina,
olha só que linda,
olha só que rebolado,
parece que as suas pernas
vão da um nó.

Quando chegar o carnaval
vou pra avenida,
vou pagar pra ver ela sambar.

Olha só o sorriso que ela tem!
Olha só que simpatia!
E ainda samba como ninguém.

O que ela quiser eu pago,
O que pedir eu faço,
mas quero ver essa menina sambar. 


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

Edinaldo Abel/Recanto das Letras

sábado, 23 de maio de 2015

Demora

Faz o que você
quiser fazer, agora!
O futuro é incerto demais
pra você continuar achando
que ainda é cedo.
Da mesma maneira
que o relógio faz tic-tac,
o teu coração faz tum-tum...
O tempo não para,
nem te espera,
ó quem me dera Senhor,
quem me dera...
Quem me dera Senhor,
pudera eu,
que sou de lata
não enferrujar.


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

Edinaldo Abel/Recanto das Letras

domingo, 17 de maio de 2015

O Poeta IV

Quantas madrugadas,
o Poeta passou acordado
pensando em nada.

E quantas vezes
ele engoliu letra por letra
a palavra solidão.

Até descobrir
que o que ele mais queria na vida,
era escrever. 


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

Edinaldo Abel/Recanto das Letras

sábado, 25 de abril de 2015

Vou por ai

Eu vou por ai,
seguindo o vento,
às vezes caio,
fico ferido,
ferido estou,
mas não sei de onde,
encontro forças,
levanto-me e continuo...
E vou por ai,
gastando as minhas horas,
desperdiçando os meus tostões,
torrando os meus neurônios.
Vou de encontro ao tempo,
saboreando os dias
que ainda me restam,
bebendo as horas
de segundo em segundo,
e não me canso de andar.
Ando cada dia mais,
e anda comigo a felicidade,
que não me deixa andar sozinho,
eu a vejo a noite,
no brilho das estrelas,
entre a imensidão do universo,
ela está comigo
no banho de cachoeira,
no vento que sopra,
no pássaro que canta,
e vou por ai,
sem medo. 


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

Edinaldo Abel/Recanto das Letras

sexta-feira, 3 de abril de 2015

O Resto

O resto
é o que sobrou
depois que você embora,
sem dizer a adeus,
e não mais voltou.

Ficou um vazio na casa,
no quarto uma cama tão larga,
para um corpo franzino e solitário.

E na sala um piano mudo;
Jogado no sofá, ainda estava
o seu casaco de veludo
com o calor de teu corpo,
e seu perfume ainda nele
garantia que você saíra à bem pouco tempo,
sabe-se lá pra onde,
pois nem um recado sequer você deixou. 


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

Edinaldo Abel/Recanto das Letras

sábado, 7 de março de 2015

Despedida

Não sei se você pensa,
o mesmo que estou
pensado agora.

Essa chuva que lava
a minha janela,
traz-me lembranças
de outrora.

Nossos corpos enroscados nos lençóis;
Porta entreaberta,
quarto a meia luz,
o seu lingerie jogado no estofado,
minha camisa esquecida,
sobre um piso cinza listrado
com riscos cor de giz.

Fomos cúmplices
dos mesmos erros,
adeus, até nunca mais.
Vou sair por essa porta agora,
e esquecer que um
dia fomos amantes.

Feche a porta quando sair,
e jogue a chave por debaixo da porta,
não volte, e eu não te procuro mais.   


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

Edinaldo Abel/Recanto das Letras

terça-feira, 3 de março de 2015

Lembranças

Diferente de você
eu mudei,
e consegui te esquecer.

Fiz as loucuras que pude;
Eu caí, e quantas vezes caí,
mas levantei.

Não posso dizer que foi fácil,
passar por o que passei,
mas passei,
e mudei.

Mudei pra bem longe de Ti,
sem pensar numa volta;
E sofri, e doeu;
Mas venci o meu medo
de viver sem você.


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

Edinaldo Abel/Recanto das Letras

segunda-feira, 2 de março de 2015

Quase à luz do dia

Hoje, quase à luz do dia
você veio me chamar,
no meu edredom
estava um tempo bom
e você veio me acordar.

Meio sonolento,
fui ganhando tempo,
esperei você chegar.

A porta do quarto se abria
trazendo alegria,
ao te ver entrar.

Do lado da cama,
meu criado mudo
presenciava tudo,
e via você me abraçar.

A minha cama
estava tão quente,
o nosso amor é diferente,
o meu corpo tremeu todo,
ao te ver chegar.

Te espero,
amanhã de manhã,
você vir me abraçar.


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

Edinaldo Abel/Recanto das Letras

sábado, 31 de janeiro de 2015

O Poeta III

Já faz tempo
que eu ando cantando
em preto e branco
pra menina que passa
sozinha na rua dos Ourides.

Mas ela nunca olha pra mim,
danada de ruim essa menina,
mas até da ruindade dela eu gosto,
mesmo sem ela olhar pra mim,
eu fico contente, só de ver
aquele rabinho de saia
andando pela rua.


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

Edinaldo Abel/Recanto das Letras

domingo, 25 de janeiro de 2015

O Poeta II

Depois de uma noite em claro,
da janela do hotel,
o Poeta saboreava
o nascer do sol
no mar de Iracema.

Vendo o colorido
no céu ele escreveu:
Pinte o seu mundo
              [com tinta fresca e em cores vivas,
e deixe que a alegria das crianças
tome conta dele.


Com a gratidão de sempre,
Edinaldo Abel

Edinaldo Abel/Recanto das Letras